Fechou-me as janelas como quem ventila
o bafio de um quarto tristemente angusto
Levando na mão direita a pressa do advento.
Descerrou na mão esquerda o anelo da partida
com a destreza de quem sabe o que quer
transformando os poros em esfinges com olhar de lobo.
Manteve na mão direita a minúscula rosa amarela
que por esquecimento jamais floresceu.
Ah, soubesse eu a direção desses passos
eviscerando lírios num quintal sem corrimão
Soubesse eu desvendar o semblante do vento
nos coqueiros beliscando as cores do céu.
Mas não… nada sei …
Desconheço o acorde das guitarras alécticas
Que empunhaste triunfante como quem sabe tudo
Calçando sapatos gigantes com cores de gaivota
Alimentando rinocerontes perdidos em florestas.
Nada sei da vida e ainda tudo me surpreende
até o latido repentino dos cães da rua
assobiando o vento que vêm do lado oculto do mar
em gerúndio como se fosse uma criança a chorar.
VÓNY FERREIRA – mibsf
m.ivone b.s.ferreira - 2017
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