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quinta-feira, 19 de março de 2015

NUNCA DIGAS... NUNCA! prosa poética escrito por: Vóny Ferreira

NUNCA DIGA… NUNCA!!!
Vóny Ferreira)
Pego na tua imagem que me vai alimentando os dias. Santifico-a com água benta tirada da nascente do rio Mondego e como quem afaga o filho que se aconchega no ventre, afago-te com o olhar que te vai dando forma, no meu pensamento, fértil.
Nunca sei se a minha loucura é uma bênção dos Deuses que engendraram no meu próprio sangue a imprevisibilidade da poesia, ou se é uma alucinação catastroficamente voraz que se apodera do meu relógio biológico com uma religiosidade desconcertante.
- Terá alguma importância, isso?
...Deixei de o questionar porque sendo como sou, filha de um tufão, é nas rochas submersas no mar, que amaino e sorrio, que retempero das minhas fragilidades. Que me transformo na gaivota que esvoaça livremente pelos céus, e que só é vista por quem irradia luz apesar do sombreado ziguezagueando à volta da sua silhueta.
Às vezes fico aterrorizada porque essa espécie de mistério, parece não acontecer, como se esta fadiga crónica, se tornasse num anémico desespero.
- Nunca digas não… - dizias-me tu, mal o luar se deitava e o vento fustigava as brechas da minha janela.
Tens razão, sabes?
Depois de derrubado mais esse obstáculo perceptível, convido-te a manter essa auréola de tranquilidade até que adormeças no forro do meu casaco, berço improvisado de plumas brancas, qual ninho dos bichos-da-seda em metamorfoses impressionantes das mais belas borboletas. Preciso de ti bem perto do peito.
Sabes?
- É impressionante essa necessidade de reviver cada segundo no altar que fica no fundo do mar. Onde nos encontramos ocasionalmente com os deuses que connosco se ajoelham e nos ensinam a escavar a esperança da dor. Orando livremente nos templos de espuma. Trago-te enfim, no forro do meu casaco, bem junto ao lado esquerdo do braço, para que vás ouvindo a simetria do batuque do meu coração, e o seu bater repentinamente descompassado quando me invadem os medos. A sonolência de quem tem pavor às desilusões.
Sim… claro.
Tudo isto só porque preciso de ti…e já nem me atrevo a dizer… Não e Nunca…!
(VÓNY FERREIRA) escrito em 2012
___________________M.Ivone B.S.Ferreira
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Nota: Aguarela de Agnès Cecile....Luso/Italiana

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