DEMONÍACA
(Vóny Ferreira)
A besta
Saída das trevas
Fechou a porta com
estrondo
Corrompeu o sol e trouxe
nuvens
Pelo prazer de pintar o
céu de negro
Com a loucura de quem se
desumanizou.
A besta
Disfarçada de angélico
Poeta
eternizou vendavais no riso
das palavras
trancou portas e janelas
Dinamitou maldosamente as pontes
Como quem amesquinha uma criança.
A besta
Filha de uma frustração
miserável
Dizia amar flores mas alimentava sapos
Sentia arrependimento sem
muita lucidez
Sorria…
Sorria…
Com o seu sorriso de esquilo.
A besta
Só se sentiu feliz
Quando profanou um
inocente casulo
Onde uma borboleta
esperava pacientemente
Que o tempo lhe devolvesse
uma nova vida
com asas coloridas
que a levassem a voar e sonhar.
Vóny Ferreira
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