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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Eu sou Pó... Tu és Pó /// Vóny Ferreira




...Descubro o teu cheiro diluído entre as essências cristalizadas do meu pensamento. E stresso! Como se misteriosamente flutuasses à tona de água, só para permaneceres à mercê do meu olhar, nessa espécie de maré enchente em que se transformam as recordações que restam de ti. Que teimam em se comprimir envergonhadamente em protestos diluviais, enquanto se suicidam nas rochas que são os teus olhos.
Em cada amanhecer subindo o calvário da minha própria solidão ouço-te chegar… mas não te vejo! Arrepia-me essa fragrância a flores tropicais que nasceram no preciso momento em que o sol as tocou. Diz-me, por favor,
diz-me: de forma que eu compreenda…
- Porque me ignoras com pétalas de lírios brancos? Porque me acenas sem mãos? Porque passeias no interminável vale dos ausentes?
…Arrepias-me quando olhas para mim de soslaio, como se os teus olhos fossem punhais de gelo a querer atingir o universo caótico que sou. Onde teimosamente se juntam as nossas almas sôfregas de companheirismo.
Dá-me a mão, preciso de ti. Sabes?
Nada mais importa...
Eu sou pó e tu és pó!
A valorização do que somos está na força e na entrega do que damos aos outros. Tudo o mais é efémero, é pura retórica!
A poesia é o abraço que damos ao vento e ao horizonte e só faz sentido, se a soubermos interpretar nos acordes mágicos de violino que borbulham nas harpas das palavras!
Vóny Ferreira 


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