Sem tempo já para tanto tempo
Em que fizeste de mim tapete
Lançado sem remorsos para o chão
Olho-te pela última vez nos olhos
Como um cego altivo que desiste
Dos instintos que lhe serviram de visão.
Não…
Já não há sombras para derrubar
Agora que desisto de ser peregrina
De um falso amor que só existiu
Nas lágrimas que chorei, sozinha.
Agora que subo o meu próprio calvário
Sem tinta nas mãos nem papel
Em que abandono a minha sorte
A um mar de enganos e um serrote
Agora que rio à gargalhada do medo
Consciente que estou de que tudo é preferível
Do que essas tempestades de desprezo.
Não…
Sem tempo já para tanto tempo
Em que transformaste o que dissemos
Num muro blindado por um sórdido silêncio
Abraço-te pela última vez
Apenas e só…
Como alguém que se despede de um morto
Que fica sepultado dentro de nós.
Vóny Ferreira
Vóny Ferreira
º~º~º~º~º~º~º~º~º~º~º~ºM.Ivone B.S.Ferreira
nota: desconheço o autor da imagem
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