Número total de visualizações de páginas

sábado, 8 de junho de 2013

BLOQUEADA (MENTE) escrito por; Vóny Ferreira





Todas as vezes que passas por mim sem que nos vejamos, o meu coração bate mais forte. É impressionante como isso se repete exaustiva e teimosamente. Tacteio nesses momentos o teu nome cruelmente invisível, como um cego altivo que depois de muitas quedas, apenas se esforça para não voltar a cair.  Vou assim resistindo à sensação de perda de chão que me fica, qual touro ensanguentado que mesmo ferido mortalmente ainda investe rastejante no que lhe resta de dignidade. Não te surpreendas nem te mortifiques. Cumpre a tua vontade que eu cumprirei a minha penitência!
Sabes?
Concluí finalmente que tais ocorrências sempre deprimentes e desgastantes têm tanto de incompreensivelmente estranho como de natural. A verdade é que a “razão” pertence sempre a quem a julga ter… por isso, pávida e serena, resigno-me a tão dolorosos embaraços. Não facilites, mantém-me acorrentada. Se consideras hediondo os meus desígnios! É de mim que tens medo ou de ti? Pergunto-me muitas vezes… se a desculpa que te dás não se tornou indesculpável? Não importa…
- Oh, claro que não importa porque bem mais importante do que todas as razões sem qualquer razão que o justifique é continuar a ser como sou, esta espécie de fantasma que teima em sobreviver a muitas mortes…! Gostaria que nada disto me acontecesse, mas sabes que sou assim: - Complicada mas autêntica e nos tempos que correm a autenticidade tem pouco de sábio e pacificador. Na verdade, parte de mim estremece e choraminga nesses instantes breves em que ao reencontrar-te vacilo por amar-te perdidamente. Eis por que me ajoelho aos teus pés, te olho de baixo para cima absolutamente vulnerável.
Não vês? Mas sentes eu sei…
Sei que sabes como me sinto momentaneamente. Tal e qual como um gato com uma vontade louca de saltar dum arranha-céus, sem hipóteses de sobrevivência por ter esgotado todas as vidas que lhe pertenciam.
O que resta de mim… (uma ínfima parte de mim… ) desprende-se desses choques brutais com um sorriso sarcástico a morrer-me nos lábios lubrificados com batom marron. É inexplicavelmente um contra-senso, mas sou assim… um misto de contradições e de coerência obstinada. Compreendo que me detestes!
Vóny Ferreira


Sem comentários: