No armário de cedro-branco
Sua coleção de camisas
De mangas compridas
Gastas, descoloridas,
Engomadas a favor do sol,
Impecavelmente penduradas.
No rodapé do quarto
Pequeno por terminar,
Suas botinas de couro
Amareladas pela ferrugem,
Pisam com o solado do calcanhar
O chão gelado de vermelhão.
No prego da parede musgada,
Seu chapéu panamá
Meio de lado,
Refrigera a parede
Descascada, parada.
Rindo do próprio corpo
Debilitado,
Seus olhos por onde
Aprendi a olhar,
Vestem-se com a brisa da tarde
E varrem as folhas secas
Calçando os pés inchados.
Na lembrança,
As ferramentas
Do desbravador de tempos:
Caneta,
Machado,
Enxada...
Vida:
Sob a sombra sagrada
Da paineira
Estalando painas,
Réstias de neve tropical
Voam livres pelo ar,
Sobre seus cabelos raros.
Edilson José
Sua coleção de camisas
De mangas compridas
Gastas, descoloridas,
Engomadas a favor do sol,
Impecavelmente penduradas.
No rodapé do quarto
Pequeno por terminar,
Suas botinas de couro
Amareladas pela ferrugem,
Pisam com o solado do calcanhar
O chão gelado de vermelhão.
No prego da parede musgada,
Seu chapéu panamá
Meio de lado,
Refrigera a parede
Descascada, parada.
Rindo do próprio corpo
Debilitado,
Seus olhos por onde
Aprendi a olhar,
Vestem-se com a brisa da tarde
E varrem as folhas secas
Calçando os pés inchados.
Na lembrança,
As ferramentas
Do desbravador de tempos:
Caneta,
Machado,
Enxada...
Vida:
Sob a sombra sagrada
Da paineira
Estalando painas,
Réstias de neve tropical
Voam livres pelo ar,
Sobre seus cabelos raros.
Edilson José
4 comentários:
Este terá sido porventura o poema que mais me custou ler,
já que tendo o poeta escrito o mesmo quando o pai dele morreu, e encontrando-se o meu nessa altura internado num hospital de Coimbra com uma doença muito grave, várias foram as tentativas para não me emoçeonar ao ler o poema, acabando no entanto por ficar com a voz embargada, depois de muitas e muitas tentativas em que pura e simplesmente desatava a chorar.
É algo que me marcou muito e que recordarei eternamente.
Admiro muito a tua poesia Dill. Parabéns!
Beijo
Vóny Ferreira
Vóny, minha querida,
As tuas declamações têm a marca da emoção. A alma sempre vem junto com aquilo que tu fazes. Por isso, amiga, o resultado é belo e emocionante.
Verás o quanto gostei, quando sair o poema qe esta declamação me inspirou...
Um beijo grande e parabéns!
Lila.
Adorável! Um poema que fica registrado na memoria. PERFEITO o poema e a leitura.
Beijo para os dois que tanto amo, você e Dill.
O mano Dill como carinhosamente lhe chamo, é um poeta que tive oportunidade de conhecer como quase todos os outros, por intermédio do site Luso Poemas.
escreve com um poder de síntese fantástico. Gosto de o ler. No facebook a propósito desta postagem no blog, escreveu: Edilson José ... Emocionado maninha. Um beijão!
há 16 horas · Gosto
Edilson José Grato sempre!
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