Olho para os lados e o que consigo ver são sombras cuja capacidade de refletir o que quer que seja se desvaneceu para sempre. Cheguei a uma idade em que tenho a sensação estranha que muitos daqueles que se atravessaram no meu caminho desempenharam um papel secundário. Foi apenas a minha necessidade quase que crónica de afeto que lhes deu um protagonismo que jamais terão por muito que se esforcem. Outros… chegaram de uma forma tão sorrateira e simples como quem abraça em silêncio quando chega ou parte, deixando-nos a consoladora sensação que voltarão sempre, porque estão do nosso lado incondicionalmente, amando-nos por inteiro. Nós que somos um emaranhado de virtudes e defeitos.
São esses os amigos de que preciso ao meu lado e que quero abraçar com estas palavras com a leveza de uma folha de um alto pinheiro que se libertou forçando o pequeno ramo onde vivia enclausurada.
Olho finalmente em frente e fica-me a certeza que são sempre os mesmos que me irão dar a mão quando precisar. Que me secarão as lágrimas quando eu estiver triste. Que sorrirão à gargalhada quando eu estiver euforicamente feliz como uma menina. É de vós que eu preciso!
Só a vós eu quero ao meu lado, nesta face da minha vida em que deixo definitivamente para trás tudo o que for supérfluo. Que bom é deitar fora sem hesitações “os desperdícios” e recomeçar como uma criança insegura mas determinada a dar os primeiros passos.
VF